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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Lima, Peru

03.12. Odômetro em 33.303 km. Foram 274 km desde Barrancas (incluindo o desvio para visitar Caral). Lima nâo tem mapa digitalizado, portanto esqueça o GPS. As obras na Rodovia Panamericana desviam o trânsito no perímetro urbano. Saindo da Panamericana e indo para a "Via de Evitamiento" (algo como a Marginal Tietê), encontram-se mais obras, mais desvios, menos placas, indicaçóes confusas, ausência de policiais para orientar o trânsito. Cheguei por volta das 17h00, portanto na hora de movimento intenso, numa sexta-feira. Trânsito caótico. Os peruanos buzinam demais, e muitos deles ainda usam um apito... Além de buzinar, apitam!!! Conclusáo: entrar em Lima foi um grande transtorno. A cidade tem um lado moderno e outro maior, precário. A sinalizaçáo näo é boa. Mas é um grande contraste com a outra parte do Peru vista até aqui. O bairro chique é Miraflores e San Ysidro. O melhor shopping center é o Larcomar, em Miraflores, construído abaixo do nível da rua, de frente para o mar, acompanhando o desnível das falésias do lugar. Amanhâ é dia de visitar o museu nacional e aprender mais sobre o Império Inca, e civilizaçóes anteriores.
A cidade de Lima é cinza, tempo encoberto. Aqui nunca chove. O sol aparece pouquíssimas vezes.
OBS: Peru nâo significa a ave galinácea que comemos no Natal. A tal ave, em espanhol, é "pavo". Segundo me disseram aqui, Peru vem de "Piru", um povo encontrado ao norte do território pelos espanhóis.

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(Vista do Oceano Pacífico, a partir do Shopping Larcomar)

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(Centro de Lima)

Consumo de Diesel

Alguns amigos me perguntam sobre o comportamento e o consumo de diesel. A avaliaçáo do consumo é variável conforme sejam as condiçóes da estrada, da ocasiáo, do lugar e até do próprio diesel. Atravessar os Andes, por exemplo, significa subidas imensas (a quase 5.000 metros de altitude) e menos oxigënio na queima, o que náo significa apenas uma queima incompleta do combustível, mas também maior consumo. Regióes com ventos fortes frontais também elevam a resistëncia do ar, e aumentam o consumo. A qualidade do diesel também oscila entre o Euro Diesel argentino, o Ultradiesel, o Gasoleo, o Super Diesel chileno, o Petróleo peruano, o diesel limpo, o sujo, o batizado etc. Mas, com uma média de 16 abastecimentos, compreendendo 797,1 litros de Diesel, o consumo ficou em 9,06 km/litro.

Barrancas

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02.12. Dormi em Barrancas no Hotel Chavin. Foi uma surpresa esse hotel, porque por uma diária de S/. 75,00 (setenta e cinco soles), aproximadamente, R$ 45,00, ofereceu uma acomodaçáo confortável. O porteiro é meio folgado. Ele me entregou umas anotaçóes sobre Caral e escreveu no lado: "10,00"... Ali fiquei sabendo da descoberta das "Ruínas de Caral", uma civilizaçáo muito antiga, cuja descoberta deverá dar nova reorientaçáo para as teorias da ocupaçáo da América do Sul pelo homem. Está confirmado que a cidade de Caral data de aproximadamente 3.000 anos A.C. Era uma civilizaçáo contemporânea à Mesopotânea. Para se ter uma idéia desse tempo, pode-se comparar com Machu Picchu, que data do século XV... Peguei as informaçóes e fui para lá. Uma saída na Rod. Panamericana (no sentido norte, fica antes de chegar a Barrancas), por uma estrada de terra (30 km). Tem uma placa lá: "Comunidade de Caral". Cheguei rápido.
No caminho socorri um grupo de arqueólogos que estavam com problema numa Mitsubishi L200, e pareciam desorientados sem saber o que fazer sob o sol forte do deserto. Resolvi rápido o problema deles. Alguém deles enviou uma mensagem para o Posto de atendimento nas Ruínas de Caral, e isso me garantiu um atendimento VIP (e grátis!!!). Delicadeza deles, em agradecimento. As ruínas sáo mesmo impressionantes. Uma cidade grande, com várias pirämides, e ainda pouco desvendada. As escavaçóes revelaram apenas 20% do que está soterrado por mais de 2.000 anos. Vou postar as fotos.

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Água pelo escapamento...

02.12. O Jipe deu sinal de um "vazamento" pelo cano de escapamento (por dentro do cano). O nível de óleo do motor näo abaixou absolutamente nada (e já percorri mais de 7.000 km até aqui). Acompanhei o comportamento disso por alguns dias, troquei e-mail com o Luiz Fraga e a explicaçáo está na seguinte fórmula enviada pelo Fraga: CxHx + O2 > CO2 + H2O, com a explicaçâo: "na reaçáo, perceba que CH é o diesel (na realidade seria C7H16 se o diesel fosse puramente um Heptano), quando ele reage com o O2 do ar (oxigênio) só pode formar CO2 e H2O. Quando está frio e úmido, demora mais para aquecer o conjunto do escapamento, o vapor de água condensa e pinga. That's it!!!"
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Retorno para Barrancas

01.12. Confirmado. Vou voltar para Lima e replanejar a viagem. Melhor náo seguir na direçáo de onde tem problema. O que vi no Peru, nessa face costeira, de sul a norte, e (quase) tudo o que fotografei nesse longo trecho, tem mais interesse jornalìstico do que turìstico, revelando um país com graves problemas de infraestrutura, de saneamento básico, de muita pobreza, de um povo sofrido com questóes naturais (terremotos) e sociais. Para se ter uma idéia, percorri mais de 1000 km na Panamericana até encontrar um posto de combustível em melhor estado. A regra dominante é a precariedade nessa imensa faixa de estrada no deserto à beira mar. E se náo bastasse isso tudo, voltei a ter problemas com a alimentaçáo daqui, e prossigo tomando antibiótico... Melhor voltar mesmo!
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Huarmey a Trujillo

30.11. Odömetro marcando 32.378 km. Passei por Chincha, cidade que foi 70% destruída por um terremoto de 2007, e que se mostra ainda imensamente precária, pobre. Depois de 297 km, parei em Trujillo para almoçar. Cidade grande. A maior na regiáo, desde Lima. Durante o almoço tomei conhecimento de que um Vulcáo no Equador entrou em erupçáo na última noite, na cidade de Baños (que está no meu caminho).
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Foto por AFP
Tratei de colher informaçóes e fiquei sabendo que se trata do "Tungurahua" (na língua nativa significa "pequeno inferno"), provocando, inclusive, a modificaçáo do tráfego aéreo. Em 2009 esse mesmo Vulcáo entrou em erupçáo e o exèrcito precisou retirar toda a populaçáo da área, e somente puderam retornar depois de 4 meses. Eu teria de passar pela regiáo e, diante da incerteza das consequëncias para uma possível volta (ou possível bloqueio), preferi náo seguir adiante por terra. Náo estou acostumado com vulcóes (rsrs). Eu já estava bem perto, cerca de 500 km. Agora preciso reorganizar a viagem e reaproveitar os dias, porque somente em 19.12 é que vou me encontrar com o Rafa em Cuzco. Vou regressar a Trujillo, fico ali um dia, e decido.

sábado, 4 de dezembro de 2010

De Paracas a Huarmey


29.11. Um dia inteiro de viagem, cerca de 9 horas, para percorrer 564 km ateh Huarmey (hospedagem no Hotel Giraldo, por 70 soles, cerca de R$ 45,00). Outra vez: estrada dificil, muitas obras na rodovia, desvios, movimento intenso de caminhoes, muitos pontos do esquema "pare-e-siga", com suas esperas tradicionais e os motoristas descendo dos caminhoes para urinar na pista... (nao eh brincadeira). No km 160 da Panamericana, antes de Barranca, um policial me parou e disse que eu nao podia transitar na contra-mao. O problema eh que eu NAO ESTAVA na contra-mao, mas ele dizia que sim; dizia que ali eh proibido ultrapassar (eu nao ultrapassava ninguem); que havia moradias por perto; que era perigoso etc e tal..., ateh ver que todos os meus documentos estavam em ordem, e ainda assim dizia que iria ter de emitir uma multa porque eu estava fazendo uma ultrapassagem proibida (eu nao estava, e tampouco era proibido ultrapassar naquele local). SALVO (advinhem!!) se eu pudesse contribuir de alguma maneira para suprir o "incentivo" que eles tem para lavrar multas. Descobri em Lima, a divisao do Ministerio Publico especializada para casos dessa natureza...
Os numeros de telefone para denuncia sao: 2764840; 2762875; e 2760361.
O Governo tambem criou a RPT (rede de protecao ao turista), que pode ser acionada 24 horas em Lima (fone 511-574-8000) ou pelo e-mail: iperu@promperu.gob.pe
Em Cuzco: (084) 23-7364 ou (084) 21-1104, ou pelo e-mail:
iperucuzco@promperu.gob.pe

Singularidades


1. Combustivel eh vendido por galao (nao por litro).
2. Os motoristas buzinam em demasia. Os taxis buzinam para chamar possiveis clientes. Aqui as pessoas nao procuram taxi; o taxi procura as pessoas.
3. Lima, Capital, nao eh a amostragem do que eh o Pais (como tambem ocorre em muitos paises).
4. De sul a norte, pela Panamericana, o Peru eh um imenso deserto. Por inteiro. Algumas areas pequenas tem agricultura, destacando-se o arroz em areas de irrigacao.
5. Motociclistas nao usam capacete (salvo excecoes).
6. Andei 1.200 km, de sul a norte, para encontrar um posto de combustivel melhor. Em regra sao todos muito precarios.
7. O povo peruano eh simpatico, cordial. Ateh aqui nao tive problema de nenhuma especie (exceto com a policia de estradas, que eh um assunto a parte).
8. Onibus para na pista para pegar passageiro. (Todo mundo buzina, e ninguem se importa que estejam buzinando...).
9. Conversao no meio da pista eh comum. O motorista eh meio atrevido!
10. Se vc trocar de faixa, toma buzina. Se ficar lento, toma buzina. Se parar, toma buzina. Se nao deixar passar, toma buzina. Se nao andar, toma buzina. Se demorar no semaforo, toma buzina. Se nao fizer nada, ouve buzina. Ou seja, as fabricas de buzinas vendem bem por aqui.
11. As "baratinhas", ou moto-taxi, agitam o transito das pequenas cidades.
12. Dizem que ha sismos todos os dias, de pequena intensidade, mas ha. Nao percebi nenhum. Mas o pais jah sofreu muitas perdas com terremotos. Passei por Chimcha, por exemplo, que ha pouco tempo ficou 70% destruida pelo terremoto, e ainda estah sendo reerguida. Povo sofrido! Luta dificil!
13. Prato popular eh o frango, que pode ser frango assado com batata, ou arroz com frango assado, milanesa de frango, ou se preferir, frango...
14. No hotel me perguntaram se eu nao me incomodaria de ficar no setimo andar. Depois fiquei sabendo que isso se da em razao dos receios de terremotos. As pessoas preferem os andares mais baixos.

Doente em Paracas


28.11. Na noite anterior comi um file de corvina com frutos do mar e um tal de "chupe de locos" (lembrei-me de Napoleao Bonaparte) que teve um efeito devastador. A Paula (a do Paulo!!!, rsrs) me disse depois: "tem de ir devagar ateh a troca da microbiotica intestinal, que leva de 1 a 2 semanas (...); voce provavelmente nao comeu nada estragado, soh estava trocando as bacterias brasileiras pelas peruanas mais parrudas"... Esclarecedor. Fui ao Posto de Saude e fui atendido. A consulta custou S/. (esse eh o simbolo do Sole) 5,00 (cinco soles, algo em torno de R$ 3,75) e o antibiotico, tambem fornecido pelo Posto de Saude, custou S/. 10,00 (aproximadamente R$ 7,50), uma cartela com dez comprimidos. Foram dois dias de cama... Fiquei muito mal.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

De Tacna a Paracas (Peru)



26.11. Segui de Tacna passando por La Speranza, Cabeca de Vaca, Moquegua, La Joya, para dormir em Camana. Percurso de apenas 449 km, mas dificil de fazer, em razao da estrada com muitas curvas e muito movimento de caminhao. A estrada eh uma soh, a Panamericana. Nao ha opcao melhor. Em Camana, fiquei no El Turista, a $ 75,00 (soles peruanos), aproximadamente R$ 40,00. O melhor hotel da cidade.

27.11. O desjejum aqui eh duro. O cafeh eh frio e preparado como se fosse uma "conserva". Funciona assim: o cafeh frio fica numa vasilha que parece uma garrafa de vinagre balsamico; voce precisa diluir esse liquido em agua quente, e estah pronto o cafe. Agora eh so diluir o leite (que eh um tal de "leite evaporado", que tambem leva agua quente. Quanto ao cafeh, eu nao experimentei. Parece mesmo vinagre balsamico (vide foto). Quanto ao leite, eu garanto que eh horrivel!!
Deixo claro uma coisa: o que eu relato aqui como algo horrivel diz respeito apenas a uma avaliacao critica dos proprios gostos e nao tem nenhum demerito aos costumes do povo Peruano, um povo de uma cultura rica e que tem muito a revelar em suas terras para melhor compreensao da vida humana no continente sulamericano.
De Camana a Paracas foram 623 km, igualmente dificeis. No mapa parece ser uma reta, mas ha muitas curvas e montanhas a beira mar. A imagem que se tem eh o encontro do mar com o deserto, ou o mar e as montanhas deserticas, ou as montanhas deserticas e o deserto, ou o deserto, e finalmente deserto... Muito movimento de caminhoes. Velocidade media abaixo de 75 km/h.